"Quem me julga pela aparência, corre o
  risco de nunca ver verdadeiramente meu coração."

Em nossas lembranças, os momentos felizes
  de um grande amor tornam-se eternos.

domingo, 7 de setembro de 2014

A era do amor banalizado

Até pouco tempo atrás, ouvir “eu te amo” era raro. Algo dito somente em momentos especiais, para pessoas especiais. Havia uma aura de respeito em torno dessas três letrinhas, quase um compromisso com a palavra. Mas isso faz parte de um passado, embora recente. Piscamos os olhos e, pronto, foi-se embora a cerimônia em se declarar.
Atualmente, ama-se em poucos dias, quiçá em horas. Ama-se o novo com juras eternas e realidade instantânea.
Atualmente o “eu te amo” parece estar acoplado a uma simples despedida: “Boa noite, eu te amo. Um beijo, eu te amo”.
Confesso que nunca me senti tão “amada” como na atualidade.
É claro que reconheço essa atitude como um ato de carinho, mas, convenhamos, não é amor. Pode ser também que, assim como as palavras sofrem mutações com o tempo, o amor também tenha perdido esse peso sentimental do passado e eu ainda esteja com conceitos envelhecidos.
Para facilitar a proliferação dessa nova roupagem do amor, surgiram outras formas de se declarar, principalmente na internet: emoticons de corações coloridos de várias formas, feitios e tamanhos; tem também o amor com um charme internacional “Lov U” e até o amor cifrado “ETA” (sigla de Eu Te Amo – este, embora pareça óbvio, precisei da ajuda da minha sobrinha de 12 anos para interpretar).
Teria o amor duradouro, forte, robusto, aquele que tudo supera, que desafia o tempo e vence os obstáculos, dado lugar aos laços momentâneos com amor frágil, provisório, descartável, instável, perecível ao tempo, que nada supera, pouco suporta e muito cobra?
Parece que nasceu uma nova ética no amor. Algo meio contraditório. Ama mas não confia, ama mas fala mal pelas costas, ama mas trai, ama mas rouba seu namorado, ama mas mente, ama mas te lesa.
Algumas sacanagens, mas tudo com muito amor.
Será que este é o novo cenário do amor bandido? Se for, seria melhor ele ir preso.
Confesso que este amor tem me deixado confusa.
Resolvi parar de “amar” por um tempo até ver qual será o próximo amor, porque este, com data marcada para acabar, totalmente descompromissado, exibicionista, que muito fala e pouco faz, eu não estou achando bom.
E aqui me despeço do amor, com muito amor.


Texto de Simone Demolinari. extraido do Hoje em dia.

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