Tem muita gente maldosa
Todos conhecemos o provérbio que diz, em quadrinha de poeta:"amigos são todos eles/ como aves de arribação/ se faz bom tempo eles vêm/ se faz mal tempo eles vão". Que o amigo verdadeiro se mostra é na adversidade, quando se é infeliz e fustigado pelo sofrimento; que na prosperidade, os verdadeiros amigos esperam ser chamados e, na adversidade, apresentam-se espontaneamente. Muitas vezes o teor de um adágio não expressa indiscutível verdade. Ruy Barbosa, por exemplo, demonstra que nem sempre longe dos olhos quer dizer longe do coração. Na aplicação do método antropológico, em clínicas de psicanálise, nas quais vigora a linha do paradoxo, à maneira de Heráclito de Éfeso, os clinicos contumam dizer que o erro está próximo da verdade; que, sem errar, você não chega ao certo, ao aprendizado real, ainda que acerte na trilha que adotou. Terá sido mero acaso, sem força da experiência fixadora. Na linha desse pensamento, ensinam que muitas vezes o amigo aparece na hora da adversidade ou do sofrimento, mas não é para solidarizar-se. Com frieza cruel, aparece para gozar a desventura que desejou ao infeliz, que está passando um mau pedaço. Embora tal tipo de conduta assuste os menos avisados, a ocorrência é mais comum do que imaginam. A humanidade tem ainda um despotismo de gente maldosa que, de graça, se extasia de prazer na dor do semelhante; ainda mais se o êxtase é vivido na ausência e nas costas do sofredor. Pense nisso.O ERRO ESTÁ PRÓXIMO DA VERDADE; SEM ERRAR, VOCÊ NÃO CHEGA AO CERTO.
Afonso Valdecães - jornalista
Um comentário:
Esse texto expressa a realidade em que vivemos, salvo algumas excessões.
Abraço!
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